29 de novembro de 2007

e o Candango vai para...

Na passada terça-feira, enquanto seguia pelo eixinho W(sim sim é o nome de uma estrada, rua, ou qualquer coisa nesse sentido, cujo funcionamento só os brasilienses entendem e, claro, o meu pai, por intermédio do google earth) reparei no burburinho em torno do Cine Brasília. Luzes, gente e mais gente, e lá segui com a ideia de que algo estaria a acontecer por ali. Pois é! Afinal estava mesmo. Estava, digo bem, porque já terminou. A dita afluência de gentes àquele antigo cinema (conceito de antigo por aqui é um pouco diferente, mas, em roma sê... e em brasília não sejas romano) deveu-se à entrega dos prémios do quadragésimo festival de cinema de brasília. Não! não fui lá, e não vi os filmes que por lá passaram. Agora tenho de correr atrás para tentar perceber porque é que o vencedor do melhor filme, Júlio Bressane, foi vaiado na dita atribuição dos candangos.

ABRE PARENTESIS, li por que o termo candangos era usado pelos africanos quando se referiam aos portugueses (será?). Bom faz todo o sentido, uma vez que denomina quem chega de fora. Quem aflui. Adiante. Candangos, é o termo que se usa aqui em brasília quando nos referimos aos que afluíram na construção desta utopia que se chama brasília. Ou ainda quando nos referimos aos pioneiros (obreiros ou não). ou ainda (começo a ficar fartinho do "ou ainda", mas...), e isto é uma ideia minha, o nome que se dá aos que habitam a cidade, aos que, de alguma forma, ainda constroem esta tenra e jovem cidade.

Dois candangos, não são os dois primeiros que cá chegaram, não! É uma estátua, de Bruno Giorgi, que foi intitulada de Guerreiros pelo autor mas que acabou por ganhar o nome popular que se encontra escrito no início deste parágrafo. Não se lembram o que é que está escrito lá atrás? Boa memória, sim senhor! Dois candangos! DOIS CANDANGOS! Ainda não entenderam. Ok aqui vai a foto para não haver erro.
Espero que tenham entendido agora do que vos falava. Bom ok, ok! Depois, (talvez, não sei que isso dá muito trabalho) postarei uma foto decente dos dois candangos em que se veja a escultura na sua totalidade.Bom! mas este parêntesis todo, é para vos tentar explicar porque é que os óscares daqui da zona se chamam candangos. FECHA PARENTESIS

Mas agora imaginem. O senhor realizador, director como dizem por aqui, estava muito bem a receber o candango para melhor filme e o público estava muito bem a vaiá-lo. Como é que sei se nem estava lá!? Oras! porque leio, e porque ouço o que se diz por aí. Sou um gajo atento a essas cenas, e procuro estar sempre informado quando um realizador de cinema é vaiado. É sinal que o filme deve ser bom, digo eu. Pelo menos obteve uma reacção e fez com que o público reagisse.Também houve prémios, entre outros, para a Laís Bodansky. E perguntam vocês, quem é a Laís Bodansky? Ao que eu respondo, ide procurar no google que foi o que eu fiz. A bem da verdade, descobri que afinal já conhecia a senhor. Já havia sido apresentado no "Bicho de sete cabeças", um filme porreiro em que entra o Rodrigo Santoro. Ah! agora já se lembram, ou já estão com vontade de ir ver. Este comentário foi especialmente direccionado às meninas que por ventura leiam este blog (ou nem por isso). Mas o filme, da senhora, ... quem?... a Laís, a directora do "Chega de saudade", ganhou este ano 3 candangos. Candango para a Melhor Direção, candango para o Melhor Roteiro e outro candango pela preferência do Júri Popular ( o mesmo que se exaltou ao ver que o “Cleópatra” havia levado o candango para o Melhor Filme).
Enfim, não vi nenhum deles, tão pouco as curtas que por lá passaram, mas quero ver se passo por lá agora que o burburinho já se foi, e as vaias se encontram escritas e perpetuadas nos jornais e na boca do povo. O que vale é que a memória é curta, né!?

27 de novembro de 2007

i-looked

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Minha gente! (será que isto é considerado apropriação de entidade alheia? )
Este fim de semana (chiii, onde é que isso já vai) fui aqui perto a uma cidade, vilarejo, aldeola, enfim, chamem-lhe o que quiserem.
Mas, o aglomerado populacional é um escape da maltinha daqui da capital (se é que se pode dizer que brasília é a capital do Brasil).
Atentem às fotos publicadas no blog i-looked (e é mesmo melhor escrever o link, porque o pessoal não deve ter reparado no link que está antes deste desabafo entre parêntesis, tão pouco no outro lá em cima no título) bom, para o mais distraído dos cibernautas, aqui vai: http://www.i-looked.blogspot.com/
encontramo-nos lá do outro lado, nas fotos, ok?
ok, ok, pago um pastel de banana com queijo a quem chegar primeiro (hum! não sabem o que é? Eu também não sabia há uns tempo atrás, mas só têm que saber que é bom!)

PS. (pequena suscitação) ainda só comecei a pôr lá as fotos. Por isso é provável que não vejam todas as fotos da reportagem dos 3 candangos (cris, samuel e eu). Mas tende calma que vou colocando à medida que o tempo permitir. Ainda estão aqui? irra!!! não! não vou escrever o link outra vez. tá lá em cima.

PS. II ( pequena suscitação - take dois) a quem passou por aqui hoje mais cedo, devem (porque pelos vistos foi mais de uma pessoa, ena, ena) ter reparado que acrescentei uma foto a este post. É que ficava um pouco estranho falar sobre as fotos e não ter nem uma aqui a título de representação. Bom já tá! E, para quem ainda não descobriu os links anteriores, podem tb clickar em cima da foto que também vão lá parar.
E não, ainda não tão lá todas! Mas amanhã já devem estar.
Aí o caraças! mais à mania de ficar aqui a ler tudo o que se escreve...

23 de novembro de 2007

out of my pocket

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Vesti hoje umas calças que já não vestia há algum tempo (uma semana ou coisa assim).
Dentro do bolso, encontrei esse bilhete de cinema que só me diz que paguei meia entrada, porque sou um individuo muito mesquinho, que devem ter ido 5697 pessoas antes de mim ao cinema da academia, mas, não me explica em quanto tempo atingiram esse número (não conhecem o sitemeter, coitadinhos), não me diz, sequer, qual foi o filme que fui ver, tão pouco a que horas foi a sessão. Portanto, o papelito é imprestável e não é lá muito amiguinho de quem sofre de amnésia.
Mesmo assim guardei-o! Definitivamente, tenho problemas sérios!

Talvez nunca tenha dito aqui que gosto de guardar bilhetes de cinema (não!? e o parágrafo anterior?) programas de cursos que me prometem um futuro brilhante, com planos de pagamento bem interessantes, papéis que me dão na rua, bilhetes de metro, comboio, autocarro, avião (isto só para dizer que já andei de avião, viram?). Não deito papeis para o chão, logo, os meus bolsos estão cheios de papeis (entenda-se o meu carro, como um bolso gigante).
Assim sendo, agora que já sabem que o carro também é um bolso onde guardo tudo e mais alguma coisa que me dêem em semáforos, também tenho brochuras de super mercado, com promoções de fruta, de TVs, fogões, computadores, enfim..., Planos de saúde que me garantem segurança na melhor idade (melhor idade!?) e uma família feliz (dizem eles).

O que é que posso concluir?
Posso concluir que perdi um futuro brilhante, numa carreira de sucesso com planos de pagamento bem interessantes, cuja inscrição terminou em Novembro de 2006. O Papel diz – “inscreva-se hoje no seu futuro”.

O que me deixa contente! ?
Na próxima quarta-feira, há novamente promoção de frutas no Extra.

22 de novembro de 2007

comentário (inédito e não publicado no devido lugar) à carta de Amor

nossa!
quanta honra!
um post inteiramente dedicado à minha pessoa!
bom, vejamos!
pelo que percebo, sentiu-se afrontado, ou ofendido não sei, pelo que lhe escrevi.
quando lhe escrevi esses dois comentários, foram fruto de uma constatação que fiz, ao percorrer vários dos inúmeros e inquantificáveis blogues (ou será blogs? Como sou marinheiro de primeira viagem tenho desculpa) que proliferam nesta blogosfera tão cheia de egos.
pelos vistos alguém enfiou a carapuça.
ou estarei enganado!? (isto porque a minha alma incrédula, não acredita que alguém, tanto tempo depois do período helénico, seja tão egocêntrico ao ponto de acreditar que um desabafo, em que constato o estado da blogosfera, seja especialmente direccionado à sua pessoa).

Tem razão, tem razão, afinal eu usei os seus “recursos” e, diria, em primeira “análise” às SUAS custas, escreve(ndo) “um comentário”, 11 e quarenta da noite (gostei da precisão) e como viu escrevi mesmo uma parte às suas custas.

Tenho que ter cuidado porque há por aí pessoas que acreditam que tudo o que se escreve, “para o bem ou para o mal” é “em relação a ela”s. Pessoas que depois me escrevem, não emails psicóticos, mas publicam verdadeiras pérolas.

Não estou aqui para me desculpar. Tão pouco para lhe explicar que 1+1 (não é) = 2 comentários que de irados, mal intencionados,
equivocados, retardados, ou qualquer outro sinónimo com os quais se insurgiu nesta ode à minha pessoa, nada têm.

Será que eu poderia dizer o mesmo da sua postura?
claro que sim (e agora a minha consciência grita, para consigo, em caixa alta) sua ANTA! Não percebeste isso pelos comentários todos que se ajoelharam frente ao fiel depositário da verdade?
obviamente estou enganado e peço perdão pela minha falta de tenacidade.
De todos os adjectivos com os quais me qualificou, tenho especial preferência pelo “anta”, gostei, nunca me senti tão glorificado quanto nesse momento.

Retardado também ganhou um lugar especial na minha consideração. Para dizer a verdade, deixou-me emocionado, e, pelo canto do olho, caiu-me uma lágrima!
Devo lembrar-lhe que agora já não se diz retardado, mas sim pessoa com necessidades especiais, ok? É politicamente correcto.

(espero que, sua alteza, não venha a ser processada por nenhuma entidade que se sinta ofendida por lhes ter associado o meu nome)

agora vou entrar num momento de assaz contradição.
A T E N Ç Ã O !
e com esta acho que me redimo dos meus pecados para com uma pessoa tão bem educada quanto o senhor.
PEÇO DESCULPA.
e agora em letras de caixa baixa, porque o importante já foi dito.
Vejamos! Peço desculpa, por não ter direccionado os comentários estritamente à sua pessoa, porque dessa forma, o tempo que dedicou a escrever-me esta carta de amor (como sou louco ou, nas suas palavras, retardado posso entender as coisas de outra forma, certo?), teria razão num ou outro momento da sua manifestação de afectividade.

Infelizmente, e como tempo é coisa que, de facto, já não temos (ou pelo menos pensava eu até este momento em que perdi tempo do meu tempo para que o tempo do seu tempo não ficasse equivocadamente no vão).

imagine-se se eu tivesse escrito que me queria insurgir contra.
Ainda bem que mencionei o facto de ser apenas um desabafo, caso contrário, o nome deste blogue passaria a ser bruno sua anta (acabei de dar uma boa ideia para um blogue, e nem peço parte nos dividendos é tão apegado ao dinheiro que não quero causar um desfalque).


eu sou louco, isto aqui não pode ser para mim, não mereço tanto.
agradeço aos meus pais, à minha avó, que deus a tenha, ao Adalberto e, mais importante que todos antes mencionados (além do meu homónimo que fez um verdadeiro elogio) ao Capitão (capitão não, general!) que me catapultou neste momento de estrelato.
nunca pensei chegar tão longe em tão iluminada e brilhante mente!

By the way, a sua didáctica é excelente, acho que pode elevar o seu léxico no que diz respeito aos adjectivos amorosos, mas mesmo assim gostei imenso...

deve ser amor! para ter deixado assim o Séquiço por mim... ou será apenas uma obsessão momentânea?

PS. este comentário não foi publicado no sítio para onde o mandei, e,como acho que não se deve deitar as coisas para fora da janela, pelo menos os meus pais educaram-me assim, vou publicar aqui mesmo. Imagine-se esta verborréia deitada assim sem mais nem menos para o Bin, o menino ainda tinha uma congestão.
acabei por perceber que afinal existe mesmo a censura, ups, moderação, moderação! (lá estou eu a bater no mesmo, tenho de ver se me contenho). Como o Chavez (ok, agora sim, desci muito fundo no poço, por ter mencionado o Chavez neste blogue) existem outros indivíduos, de boa indole, claro está, que também não gostam de ouvir algumas verdades. Ah e tal é chato ter de ouvir retardados! perdão! pessoas com necessidades especiais.
Sou mesmo Anta e não, não estava a fazer sexo, senão não teria vindo aqui responder ao senhor.

Carta de Amor

Estou muito feliz!
Recebi uma carta de recomendação.
Nela, sou exageradamente elogiado. É quase uma carta de amor ou uma declaração de direitos, não consegui perceber bem qual das duas.
Estou fora de mim com tamanha consideração.
De facto existe gente de bom coração por esse mundo fora.
voltei a acreditar que o mundo ainda tem salvação por intermédio de pessoas de tão elevada estirpe.

Que bom que existe um futuro risonho.

Bom, pelo menos para mim que tenho uma carta de recomendação e peras... (prefiro maçãs mas acho que nesta situação ficava melhor escrever e peras, não?)

ide lá ver a cartinha, não vos apegueis a estas palavras.
ide, ide...


PS. (se ainda estiverem por aqui) logo mais, depois, amanhã, não sei ao certo. Publicarei o comentário que deve estar neste momento há espera da moderação lá do outro lado.... sei sei, é automático e blá blá blá, mas eu não tenho que saber nada disso, não vivo de blogs e tenho uma vida fora deste. Por aqui ele está salvo nos scraps, para que seja postado depois, a seu tempo, a seu tempo! uma coisa de cada vez, né...?
Primeiro lê-se a carta de recomendação, depois então passamos para a parte da entrevista em que se descobre quais as pretenções salariais, horários compativeis e afins....
o quê!!
ainda não foram? vá, tá aqui.

20 de novembro de 2007

Arte é arte! Falou?

É comum, quando se fala de arte, alguém começar a pronunciar-se sobre o artista, mais especificamente sobre a sua vida - ...e ele era casado com uma mulher loira surda e que fazia o pino em cima do telhado e cortou o cabelo depois escreveu uma carta ao pai natal e...
Para ser sincero nem gosto muito de falar sobre arte (mentira, farsa, pi, pi, piiiii, prendam este homem).
Bom ok ok, deixem-me explicar melhor a coisa, não gosto é de falar (principalmente de ouvir) sobre a história, o enquadramento tempo-históricó-contextual(grande invenção) de determinado objecto de arte, e que o Adalberto-gosto-muito-de-arte-mas-não-sou-capaz-de-fazer-então-vou-dizer-mal-e/ou-bem-dependendo-do-que-me-der-na-mona pensou e acreditou, e escreveu obrigando-me no fm das contas a ter de ouvir que ele achou que o artísta estava muito alegre, e que as doses de LSD tiveram influência naquele tom específico de verde jasmin (será que existe esta cor?).

Ao objecto, prefiro admirá-lo (leia-se, ver, ouvir, sentir e por aí em diante) ou ignorá-lo (leia-se, apontar o dedo, atirar tomates ou ovos para o palco, desligar a TV e partir o DVD) como muitas vezes faço aos so called artistic objects, instalações e o raio-que-o-parta-que-tem-de-ser-explicado-senão-não-se-entende-nada e que não nos toca nem no pelo mais recôndito do dedinho dos pés, sim, isto para ser politicamente correcto, até porque pode haver por aí criançinhas a ler isto por engano (aliás, como todos os que aqui afluem).


arte pela arte.

se o objecto falar comigo, o artista falou, senão prefiro que ele permaneça no silêncio.

Falou?

E ele que não me mande recadinhos pelo Adalberto, ok?

17 de novembro de 2007

vidinha de a tor!

Ontem fui ao CCBB. E não! não é o CCB. É aqui mesmo, em Brasília, e trata-se do centro cultural banco do brasil. Adiante! fui ver uma peça de teatro. Quartett do Heiner Muller(sem trema porque eu não sei onde é que insiro, mas façam de conta que estão ali dois pontos em cima do "u" no nome do senhor).
O texto é muito bom e foi bem encenado pelos actores (tive que voltar atrás porque já tinha escrito atores, assim mesmo, sem o "c", preocupante, não?), num cenário resumido a uma projecção, talvez da cidade de são paulo, no pano de fundo, e dois bancos em que um deles escondia, e só percebemos mais tarde, um copo com o qual um dos personagens é envenenado.
o quê?! não devia ter contado? hum! como se isto fosse um filme e toda a gente fosse ver! epá, por acaso existe o filme com a mesma trama (pelo menos vem aqui escrito na brochura que tirei do montinho ontem à entrada na sala), dá pelo nome de ligações perigosas e, nele, contracenam a Glenn Close e o Guilherme Leme. Não! desculpem, mas isto de ler e escrever ao mesmo tempo acaba por confundir um pouco as coisas. Substituam o Gui (quanta intimidade,... gui para os amigos sim) pelo João Malkovich. Ontem a Glenn foi substituída pela Beth Goulart que esteve à altura (como é que eu sei se nem me lembro do filme?) com direito a lágrimas no fim e tudo.
bom, mas muito interessante é (e agora o leitor atento ficou curioso para saber o afinal o que é assim tão interessante) o facto de a peça se desenrolar apenas com dois atores em palco. Muito embora a história dependa de mais personagens para tomar forma.
não é interessante?
não?!
bom ok! a peça inteira gira em torno do Sexo (acabou de ficar mais interessante, não?), de um, de outro, de ambos (de ambos os dois não por amor de deus!!). Passo a citar o papelito que tenho aqui aberto à minha frente - "Os protagonistas, sagazes e ardilosos, manipulam sentimentos e situações, para provocar a queda e a ruína de inocentes e virtuosos.".

Bom! mas interessante mesmo (ok, ok, e agora é mesmo, até porque só queria mesmo falar nisto) foi o facto de, no fim da peça, os actores terem recebido apenas uma salva de palmas.
foi assim, e atentem bem ao que passo a explicar, o público, do qual eu fiz parte, bateu palmas, atrevo-me a dizer que as mãos de algumas pessoas se encontraram apenas uma vez, provocando um som quase inaudível.
a actriz, Beth Goulart (gostei deste nome, tipicamente brasileiro), que já chorava inundada pelas emoções da Merteuil, ainda proferiu algumas palavras de agradecimento ao público, à organização, aos patrociníos e, mais uma vez, ao público.
Posto isto, as mãos de todos juntaram-se novamente, desta vez, juro que não ouvi som algum, sim sim, sou surdo mas não foi esse o motivo.
Eu ainda bati palmas por mais dois segundos mas percebi que os olhos me observavam com estranheza e fingi que estava a tentar matar um mosquito para que não me apontassem o dedo, em jeito de - olha só aquele sujeitinnho! ele está batendo palmas, ainda!!!
à saída havia comes e bebes e eu não consegui deixar de pensar que os actores deviam estar super deprimidos com a parca manifestação do público o que terá motivado a beth a dizer - nem as minhas lágrimas finais foram boas o suficiente para sacar mais uns aplausos no final!! vou servir pró-seco lá fora, talvez eles me sorriam! oh Gui, me ajuda! trás os bolinhos de bacalhau!

13 de novembro de 2007

comentado por aí!



eu ainda sou do tempo (chii, isto aqui tá a começar mal...) mas é verdade, sou do tempo em que sabíamos combinar as coisas de véspera, sem a hipótese de anular tudo no último instante com algumas palavras escritas em código.
eu sou do tempo em que as cabines telefónicas não eram apenas objectos de decoração nas ruas, em que os telefones de casa eram absolutamente indispensáveis e tinham uma cordinha que nos permitia brincar enquanto falávamos e riscávamos a agenda com os telefones das pessoas escritos, cada um com uma caneta ou lápis.
O problema é que esse tempo não foi há muito.
mas é verdade. Sou nostálgico...
Sou nostálgico porque eu podia dizer sempre que não estava em casa, que tinha ido ao cinema, que tinha ido ao café, saído para ir comprar o jornal, que tinha ido ao mini mercado ou ao raio que o parta.
hoje lá temos o guarda costas, que nos protege sempre da exclusão social, que nos transforma em seres 100% contactáveis.
Sei que perdemos o nosso tempo, aquele que poderia ser apenas nosso, isoladamente nosso.
Porque o Alfredo ligou e não atendemos (deve haver algum problema), e a Maria me mandou uma mensagem e não respondi (logo não gosto dela), porque a mãe liga e tocou 6 vezes (ai que aconteceu alguma coisa ao meu filho) porque o chefe liga e não atendemos (tenho de despedir aquele gajo). Enfim, alguma semelhança entre este objecto comunicante e um gerador de conflitos é pura semelhança.
hoje temos obrigação de falar, mesmo quando não queremos. E se desligamos o telemóvel, ai! ui!
olha-me aquele irresponsável.
apontam o dedo na rua (aquele desliga o telemóvel... coitado!)
e quando toca o telefone na rua e não atendemos?
somos considerados criminosos, assassinos, ou coisa pior, incomunicáveis…
enfim, sei sei, também sou do tempo em que tinha de ir às bibliotecas em busca de informação. E lia sempre 4 páginas do livro até perceber que o tema não era bem aquele e em que havia milhares de idéias por ai espalhadas à espera de serem lidas...

comentário a um texto lido no tráz outro amigo também

8 de novembro de 2007

gosto. não gosto!

Ontem, enquanto via uma imagem publicitária, alguém comentou: mas que lábios!
que boca!
Olhei com a pretensão de ver o motivo de tais comentários e descobri uma boca bem comportada. Comportada e pequena demais para merecer tais comentários e interjeições.
Rematei com - existem milhares de bocas mais bonitas que essa em qualquer esquina de brasília (como se brasília tivesse esquinas, mas isso é outro assunto)- não satisfeito, com o ar de reprovação, rematei - mas eu sou europeu!

ficou no ar uma penumbra de arrogância!

Para que não permanecesse o tom de superioridade no comentário (até porque não era o objectivo) expliquei que havia rejeitado a boca da imagem publicitária em favor da mais comum das bocas deste país porque, de facto, os forasteiros olham as coisas com outros olhos.
forasteiros = europeus no Brasil que acham que uma boca pequena não se compara a uma boca de tamanho digno de figurar numa publicidade verdadeiramente sensual.

Por mais que me tenha explicado, o que ficou na memória foi a bordoada - mas eu sou europeu! em jeito de - vocês não entendem nada disto pá! eu que sou europeu é que sei!

Então, usei como argumento a preferência, dos indivíduos deste país, por mulheres alvas e loiras em oposição à generalidade das mulheres da terra. Uma cegueira generalizada causada pela falta de distanciamento ou pela falta de exotismo...
no meu íntimo não existe justificativa para a preferência daquela boca insípia mas...


Isso leva-nos ao seguinte tema, também ele alvo de sobejas discussões, ignorando completamente as preferências de tons, nuances, luzes e mais não sei o quê...

O cabelo.

Liso ou natural?
Isso é pergunta que não se faz aqui no brasil.
Existe um mercado que já passou a fase da franca expansão, para se tornar quase um símbolo nacional, maior que o Pélé, o samba ou o carnaval. A chapinha!
A chapinha?
sim, a chapinha!
um objecto que parece uma tábua de engomar, na devida escala, que se liga à corrente e deixa os cabelos electrocutados, estendidos e caídos.
Mesmo quem tem o cabelo liso, não dispensa umas horitas ali a passar a ferro.
é um tempo, segundo quem se serve do procedimento, muito bem investido, uma vez que a aparência resultante caminha no limbo do endeusamento.
Não é preciso dizer que da carapinha não resta memória, por estes lados, parece nem ter existido. Na rua só vejo cabelos electrocutados.
Nunca pensei um dia dizer isto, mas começo a ter alguma saudade das permanentes dos anos 80 (sim, sim, é só pirraça...).

enfim! nem 8 nem 80.
bom mas gostos não se discutem, certo?
e arquétipos?