28 de abril de 2005

máquina do tempo

Estava escondida no guarda roupa.
Abri-a e encontrei cartas, postais, bilhetes de cinema, de comboio, talões de embarque, medalhas, um porta moedas em cabedal, listas de nomes e números de telefone em folhas dobradas com promessas de amizade, pedaços de papel com mensagens escritas,
Pedaços de mim,
Pedaços de tempo,
Os anos de colégio, colónias de férias,
Jantares, passeios, paixões, desejos, viagens, promessas de amor,
Pedaços de vida contidos numa caixa de cartão.
AllStar, foram os ténis que deram lugar à memória.

19 de abril de 2005



agência: Lowe, África do sul
cliente: POWA - People Opposing Women Abuse

head line: "If you have to force, it's rape" (Se você precisa de fazer força, é violação).

prémios: Leão de Prata no Festival de Cannes 2003 e Prata no CLIO Awards 2004.

13 de abril de 2005

coisa do passado

No programa do 4º ano da disciplina de projecto, em que devemos projectar um campus universitário, podemos encontrar, perdida no meio das inúmeras dependências, uma sala de internet a incluir no projecto.
Como estudante de arquitectura cabe-me pensar um espaço num tempo que está ainda por vir, onde alunos de arquitectura e design possam caminhar rumo ao futuro.
Neste momento, passado de um tempo que está por chegar, não me encontro na dita sala de internet, encontro-me algures na universidade, numa sala conhecida como sala de trabalho dos alunos. É verdade, aqui, temos internet sem fios. Temos aqui mas também temos nas salas de aulas, no bar, enfim, onde quer que nos encontremos, num perímetro que se confina aos terrenos da universidade, e, julgo que, nos edifícios em frente à faculdade também teríamos se lá pudéssemos entrar munidos dos portáteis.
Devemos resolver as problemáticas do presente, mas é-nos exigido prever o futuro.
Nos dias em que a história ainda não escreveu, teríamos uma sala passível de ser ocupada por outra qualquer função. Vou, para já, chamar-lhe sala polivalente e inventar-lhe outra qualquer ocupação, outro estar. Definitivamente, não terei uma sala da internet, para quê?

2 de abril de 2005

tempo ido

Passou-me despercebida a data até às 20h quando me avivaram a memória. Acabei por não contar nenhuma falsa verdade a ninguém. Bolas! Pelo menos no dia destinado ao acto a coisa ganha um carácter lúdico e proporciona alguns momentos de galhofa.
Passado em revisão, pude constatar que neste parco ano, muito se passou.
Fiquem descansados que não vou fazer aqui nenhum resumo alargado dos 360 e qualquer coisa dias.
Voltei a ler o que escrevi na mesma data, do longínquo Abril de 2004 e voltei a um tempo em que almoçava com o meu companheiro de “crimes”. Poucas vezes voltei ao local do crime depois do dia em que me disseram que o meu ritual ia ser drasticamente alterado. O acto não se fazia valer por si, mas pelas conversas, algumas recorrentes que nos iam distraindo do mesmo, por um olhar fortuito pela janela admirando quem passava para lá do vidro e discutindo a vicissitudes do quotidiano pontuado com um ou outro acontecimento digno de registo.
Hoje, digo-vos que completou, ontem, um ano, este espaço, em que a escrita foi sendo recorrentemente assassinada. Recordo ainda tempos em que os dizeres surgiam com relativa frequência e em que ainda aparecia por cá um tal de karamba, digno professor, acérrimo defensor desta língua que nos é comum. Pelo menos aos que conseguem ler estas palavras.
Agora, vivem-se dias em que o contar fica muitas vezes por dizer, em que a vontade não surge ou em que a inspiração navega para bem longe deste lugar comum.
Várias vezes me perdi em discursos e assuntos que teimaram em voltar uma e outra vez.
Querem saber que mais?
Não querem mas eu vou dizer:
Os discursos vão continuar a regressar, as palavras vão repetir-se, as palavras vão repetir-se, os assuntos retornarão, também eles, sob a alçada das mesmas frases.
Enfim, até consegui encaixar ali uma frase que já tinha escrito noutro qualquer devaneio.
Aos meus dois ou três leitores quero dizer-vos que o cheque deste mês não vai ser enviado, mas continuem a voltar, talvez um dia percebam que estas palavras nada acrescentam às anteriores e que as demais também não o farão.
Lavo daqui as minhas mãos, tentei esforçadamente alertar-vos a tempo de não subscreverem por mais um ano.