31 de agosto de 2004

jantar às 8h

Por volta das oito, lá estava eu como combinado, dei-lhe um toque para o telemóvel e aguardei que descesse. Após breve instante de indecisão, lá resolvemos ir jantar a um lugar onde nenhum dos dois houvera ido. A conversa seria longa, cheia de percalços e novidades, com muitas histórias para contar.
Um pouco desiludidos com a variedade da oferta, lá nos mantivemos sentados numa escolha calma e intercalada com muita conversa e uns goles de martini. Sem pressa lá continuámos em sintonia, apressando apenas as palavras por forma a contar, dizer, conversar, esclarecer, enfim, por forma a recuperar dias, meses, uma eternidade de apenas 4 meses.
Pouco tempo, dizem vocês. E razão teriam, não tivessem sido esses mesmos meses marcados pela mudança de dois seres.
Era um primeiro encontro de dois amigos que já não eram os mesmos.
E querem saber mais? Com todas alterações, mudanças, diferenças com que nos deparamos, apercebemo-nos que a amizade era a mesma.
O jantar esteve óptimo, acabou com os copos vazios, corpos cheios de emoção e a alma aquecida.
É bom ter de volta uma companheira de an(danças).

26 de agosto de 2004

tacteando

interstícios que deixam vislumbrar a textura da tua pele,
dessa fronteira que te alberga,
dessas mãos que ardem quando tocam no limite do meu ser.

deixa-te estar assim, em silêncio,
deixa a tua mão em repouso na minha face,
fecha os olhos e sente esta muralha que é minha pele,
entregue a ti, ao teu toque.

20 de agosto de 2004

és

Gostava de atribuir a estas letras todo o esplendor daquilo que és, daquilo que foste, daquilo que serás.
Gostava de dar vida a essas palavras que não consigo escrever e ter-te aqui.
Gostava de ter um espelho que te projectasse lá do mundo dos meus sonhos tornando-te real e palpável.
Seria bom despejar-te nestas palavras, ao teu cheiro, ao sabor da tua pele, poder ler estas frases e ouvir a tua voz.
Seria bom, mas não o consigo fazer, és muito real, és tudo aquilo que eu não consigo escrever, és toda a beleza impossível de explicar.

17 de agosto de 2004

dias de silêncio

Lá longe, onde as letras não se unem,
Lá onde a mente pára por um instante.
Serenei em amenas tardes de cavaqueira,
Entre uma e outra cartada,
Entre folias,
Entre amigos,
velhos, novos, feitos e por fazer,
Entre uma e outra carta,
Entre este e aquele instante,
Perderam-se entre conversas,
Entre sorrisos,
Na cumplicidade daquele olhar,
Daquele carinho,
Perderam-se no cambalear dos corpos ao sol,
Entre um e outro toque.
Ao sabor dos ventos e das marés,
Foram-se, lá longe onde fui...
Esses dias, prisioneiros desta mente.