25 de outubro de 2007

Cheiro do Ralo

Do Heitor Dhalia, até então, um realizador que desconhecia, e de resto me surpreendeu com o resultado que nos mostra, o filme é uma caixinha de pandora que se abre e acaba por trazer à superfície muita da merda que teimamos em guardar. Mostra aquele indivíduo que nos corrói a humildade, que nos escraviza a alma, sempre em busca de algo, de uma coisa mais para a colecção.
Atentem bem aos cenários, ao argumento do Lourenço Mutarelli, aos actores, às caricaturas. Reconheçam aquele tipo bem peculiar que muitas vezes se sujeita ao ridículo em busca sabe-se lá de quê! Aquele sujeito que cheira mal, muito mal, mas acha que é o cheiro do ralo!

19 de outubro de 2007

sábado 09h00

Amanhã vou a uma palestra. Vou na qualidade de chauffeur e, uma vez que se trata de uma palestra sobre design, também vou aproveitar para aprender alguma coisa das sábias palavras da palestrante, ilustríssima e digníssima mente dotada dos variados saberes das artes.
Pois é!
Só gostava de saber quem é que foi a pessoa inteligente que teve a belissíma ideia de agendar uma palestra, que versará o tema "O design de interiores e a contemporaneidade", para sábado às 9 da manhã?
O melhor é chegar cedo para conseguir um lugar lá bem à frente.

17 de outubro de 2007

horário de verão

A hora mudou. Não foi hoje, mas mudou e ainda se fazem sentir os efeitos da mesma. As pessoas, chegam com um ar cansado de quem se deitou mais tarde do que devia. Pela manhã, aquela confusão de saber qual dos relógios de casa indica a hora certa. Comentários ao estilo - O teu está certo?- ou – Você já mudou esse aqui? – ou ainda – Qual deles está certo? - são bem comuns por estes dias. Ar apressado quando se constata que afinal o relógio não estava certo. Corremos em jeito de galinhas tontas ou andamos com ar demasiadamente despreocupado acreditando piamente que ainda há tempo. Tempo de sobra, não fosse o desacerto das máquinas diabólicas. Uns chegam atrasados ao trabalho e outros mais atrasados do que o normal. Uns ficam contentes com o novo horário de verão, fazendo odes ao sol e aos seus demorados raios taciturnos. Outros resmungam do calor, da falta de descanso que a noite propícia, do ar alegre dos outros. Enfim... Até o senhor que vende relógios (segundo ele, todos originais), ali na esquina, reclama da mudança, diz ele - dá-me muito trabalho! obriga-me a mudar a hora a todos os relógios, e explicar sempre a quem compra como é que se muda a hora, e isso é tempo perdido, mas sempre vendo mais relógios.

Tenho especial preferência pelo horário de verão. Gosto mais dos tais raios que se esquecem de ir embora no fim da tarde e se demoram mais para meu encanto. Mas, devo confessar, não gosto muito da mudança da hora. A mudança em si não me agrada. Quando chega o horário de verão, aumenta uma hora. Ou seja, às 00h relógio anda uma hora e saltamos para a 01h da manhã. Fico sempre com a sensação de ter perdido uma hora da minha vida. Uma hora, sessenta minutos, três mil e seiscentos segundos, em que nada fiz.

Mas diga-se de passagem, a mudança da hora serve de desculpa para os possíveis atrasos e, vejam bem, até para voltar a escrever, tanto tempo depois.