22 de julho de 2005

- Mas onde é que anda esse gajo pá?
- se queres que te diga, nem sei...
- Mas o que é que o gajo anda a fazer?
- Deve estar a bater palmas.
- A bater palmas??
- Sim palmas...
- Palmas!! Porquê?
- A última vez que o vi, estava no ccb à espera de um enconre.
- Encore??
- Sim, do wim mertens! O gajo foi ver o espectáculo e ficou por lá à espera que ele voltasse...
- Esse gajo toca piano, né?
- Sim, e canta com uma vozinha estranha!
- OquÊ!!!! Aquilo é a voz dele?
- Parece estranho mas é mesmo a voz do senhor.
- Epá! Pensava que era uma mulher que fazia aquilo.
- Hum... mas isso foi à quanto tempo?
- Foi há um mês ou coisa assim.
- O gajo ficou de ir comigo ao concerto de krudder, mas não disse nada!
- O coiso é que me disse que o tinha visto não sei onde!
- Qual coiso?
- Epá o coiso! Hum.... não me lembro do nome dele... o... o...
- Mas onde é que o coiso o viu?
- Epá ando com falhas de memória, qual é nome dele!? Porra...
- Esquece isso, onde é que o coiso viu o gajo?
- Acho que foi no bairro, andava para lá a desenhar.
- É, o gajo agora anda com a mania de desenhar, anda sempre com o caderninho atrás, o s lápis e o pincel...
- Olha lá!
- Onde?
- Ali pá!! não é o gajo?
- Pois é! Lá vem o gajo com o caderninho na mão...
- Desistiu do encore!

22 de junho de 2005




esperei uns dias...
esperei na expectativa de conseguir explicar o que ou-vi.
continuo incapaz de o fazer.
impossível escrever palavras que clarifiquem o que senti.
foi no dia 17, no CCB,
uma mão, acompanhada por outra,
uma perna cruzada,
uma voz,
um ser que nos traduz a melancolia, que embeleza a tristeza, que nos leva à essência do divinal.
wim mertens,
ainda estou lá, em pé,
a bater palmas,
aguardo por um novo encore.

7 de junho de 2005

retrato de um abstracto

Desenhos, desenhos, desenhos,
Desenhos e mais desenhos.
Desenho, na calma da noite,
Desenho no silêncio que me acompanha,
Desenho,
Desenho-te...
Risco a folha,
Oosscciillooo entre um e outro risco sem saber bem por onde começar,
Lápis,
risco, forma, sombra,
Pincel,
água, corpo, mancha,
Manchas, caras, corpos,
Olhares,
Contente, infeliz, alegre e descontente,
Desenho
Desenhos que me dão corpo, que me dão forma,
Riscos que me traçam o rumo.
Caminhos levados pelo pincel,
Desenhos.

26 de maio de 2005



és apenas um instante no meu pensamento,
és o lápis que te prende o corpo,
és o pincel que te solta a alma
e a àgua que te dá movimento,
és mero desenho num papel.

24 de maio de 2005



"...tudo sempre acaba bem! E quando não está bem é porque ainda não acabou!"

para quem gosta de soltar umas boas gargalhadas é um filme a não perder.
despretensioso, com um argumento simples em que se aborda um pouco da essência desse imenso brasil, um pouco deste pequeno mundo!

13 de maio de 2005

o código da estação

Algures no renascimento, alguém pinta uma parede.
Uns séculos depois, alguém escreve um livro onde tenta desvendar o código do primeiro. O livro é um sucesso de bilheteiras, sim porque ao ritmo que foi lido mais parecia um filme, ao género harry poter, dá em filme, dá em livro, vende t-shirts, porta-chaves. Enfim, toda a gente, se não comprou, já pediu emprestado ao amigo, à amiga, ao cunhado, à vizinha, já tirou fotocópias, já foi à fnac e ficou lá dois dias sentado a ler o código, um qualquer, importante é que o titulo contenha código.
Como já devem ter reparado, nem sei porque escrevo devem, não acredito que esta coisa ainda tenha mais de um leitor, não mencionei o nome do tal pintor, homem de vários ofícios, e de uma mente incansável, até porque o nome do senhor é irrelevante, e vós que leis isto sabeis o seu nome.
Na verdade, para quem queira equiparar-se ao nível de vendas, o importante é intitular o que quer que seja com a palavra código, ou códice, código duas vezes, quantas mais vezes melhor. Melhor do que isso, só imagino alguém que escreva o código do alquimista, ou os segredos de zahir, não fosse o Paulo Coelho outra lebre no sprint comercial.
Boa ideia para quem disso trate, é escrever código do código da estrada, ou códice de estrada. Deixassem o da estrada em letras de ler à lupa, enfatizassem apenas o código e estariam todos informadíssimos sobre os segredos de uma boa condução.
Fechando o parêntesis, algures por estes dias, ontem para ser mais preciso, decidi que ir dar uma olhadela à última ceia seria uma boa forma de escapar ao consumismo da duomo e das demais zonas, ruas, ruelas, praças, pracetas, onde il negocio se instalou para ficar.
Deixei o subterrâneo, em Cadorna, uma estação ali central, bem pertinho de tudo, e fui à procura da tal parede pintada no refeitório de um convento que dá pelo nome de Santa Maria delle Gracie. Por fim cheguei ao convento, que hoje tem um posto de informações, onde se vendem bilhetes e onde nos avisam que não é possível visitar o convento sem marcação prévia, por telefone, com dois dias de antecedência.
Dois dias, 48 horas, sem fazer contas, porque sou um ser iluminado mesmo sem ter lido o código do senhor, percebi que as 5 horas que me restavam não seriam suficientes para telefonar, marcar, fazer tempo e voltar.
Merda, foi o que pensei, sacana do idiota que resolveu desvendar o segredo. Segredo, palavra que transmite uma ideia de um assunto que se quer desconhecido, mas, e terá sido o caso, várias vezes destruído pela curiosidade humana nem sempre com a verdade factual.
Não li o livro, devo ser um dos poucos seres estranhos que ainda não o fez, e saí dali com raiva dos personagens que ali se aglomeravam apenas para verificar, com a sua visão raio x, a presença de uma mulher no lugar de um dos apóstolos.
Saí eu às pressas do Politécnico, abandonando uma agradável conversa com os alunos de arquitectura, para me dizerem que a Ceia só é possível com marcação prévia, e um jejum de dois dias.
Resignado, lá continuei a minha volta pela cidade, e acabei sentado num ristorante onde pedi uma pasta bolonhesa, pedi pão e burro, a Romena que me atendeu disse que não tinham manteiga e perguntou-me se queria azeite. Insisti, mas a demanda não deu frutos e o pão foi comido solteiro.
3h30, era o tempo que me restava para explorar um pouco mais da cidade, passei na Piazza del Duomo, e aproveitei para entrar na catedral que tinha uma das portas abertas e lá me sentei por um tempinho tentando esquecer os flashes e o barulho dos clics.
Sentei-me num dos bancos corridos de madeira e percebi que era pequeno, que estava fora de escala ficando ali a imaginar como seria aquele espaço há uns séculos atrás, ainda sem os projectores que não deixam claro o espectáculo dos vitrais. Tudo para que as fotos fiquem bem iluminadas e se prove ali, com uma ou duas pressões no botão, a presença no templo.
Passei novamente pelos senhores, que verificam o que se leva, não vá entrar ali algum terrorista bombista que faça ruir as colunas e os arcos góticos, obrigando a uma maior obra de renovação e saí.
Lá fora, numa escadaria de parcos degraus, pessoas e mais pessoas que aproveitavam o sol para abandonar a triste cor do inverno que foram ficando para trás enquanto contornava o tapume onde se ostenta uma publicidade a um desses templos da moda.
Acredito que a catedral não precisa de obra alguma mas é uma forma de poderem usar parte da fachada, ainda que lateral, para publicitarem, rentabilizando a presença de quem ali aflui.
Já tinha ido ao quarteirão do Armani, um dos verdadeiros templos de Milão, já tinha entrado em muitos outros onde só se entra para ver, onde os preços não estão tabelados e o lema será: se tens que perguntar o valor não és crente deste templo. Resolvi então seguir caminho e andar por ruelas, onde me despedi dos fabulosos gelados, nocciola e nocciola, que fazer quando se gosta mesmo muito de um sabor, pede-se dois um pouco ao estilo do código do código.
As ruas, cheias de consumidores, desvendaram-me aqui e ali o interior dos quarteirões onde as árvores brotam em cuidados jardins, devidamente guarnecidos de portões em ferro que nos fazem sentir presos na rua e uma câmara de vigia lembrando-nos que talvez não seja boa ideia forçar a entrada ou saltar o gradeamento.
Voltei ao hotel onde tinha deixado a bagagem, e segui para Malpensa, sem imaginar que a minha paciência seria posta à prova em várias horas de espera num aeroporto igual a tantos outros, sem sala de fumo e onde a restauração fecha às 21h e qualquer coisa.
Nos pés ficaram uns bons quilómetros feitos na feira óptica, Mido, palmilhada nos primeiros 4 dias, e outros tantos em busca dos templos.
Nos olhos ficaram milhares de óculos, vistos, revistos com este ou aquele cunho, nas mãos, ao espelho, nas caras de quem passa na rua ostentando já o último grito condizente com o manancial de grifes que vestem.
Milão, foi Milão em 7 dias, Milão desta estação.
Logo logo, desaparecerá a cidade que conheci para ser substituída por uma outra que está a ser desenhada, pensada criada, manufactura na china por parcas quantias e que ostentará 3, 4, 5 dígitos de uma etiqueta onde não constará o preço. A mesma cara com nova maquilhagem.

28 de abril de 2005

máquina do tempo

Estava escondida no guarda roupa.
Abri-a e encontrei cartas, postais, bilhetes de cinema, de comboio, talões de embarque, medalhas, um porta moedas em cabedal, listas de nomes e números de telefone em folhas dobradas com promessas de amizade, pedaços de papel com mensagens escritas,
Pedaços de mim,
Pedaços de tempo,
Os anos de colégio, colónias de férias,
Jantares, passeios, paixões, desejos, viagens, promessas de amor,
Pedaços de vida contidos numa caixa de cartão.
AllStar, foram os ténis que deram lugar à memória.

19 de abril de 2005



agência: Lowe, África do sul
cliente: POWA - People Opposing Women Abuse

head line: "If you have to force, it's rape" (Se você precisa de fazer força, é violação).

prémios: Leão de Prata no Festival de Cannes 2003 e Prata no CLIO Awards 2004.

13 de abril de 2005

coisa do passado

No programa do 4º ano da disciplina de projecto, em que devemos projectar um campus universitário, podemos encontrar, perdida no meio das inúmeras dependências, uma sala de internet a incluir no projecto.
Como estudante de arquitectura cabe-me pensar um espaço num tempo que está ainda por vir, onde alunos de arquitectura e design possam caminhar rumo ao futuro.
Neste momento, passado de um tempo que está por chegar, não me encontro na dita sala de internet, encontro-me algures na universidade, numa sala conhecida como sala de trabalho dos alunos. É verdade, aqui, temos internet sem fios. Temos aqui mas também temos nas salas de aulas, no bar, enfim, onde quer que nos encontremos, num perímetro que se confina aos terrenos da universidade, e, julgo que, nos edifícios em frente à faculdade também teríamos se lá pudéssemos entrar munidos dos portáteis.
Devemos resolver as problemáticas do presente, mas é-nos exigido prever o futuro.
Nos dias em que a história ainda não escreveu, teríamos uma sala passível de ser ocupada por outra qualquer função. Vou, para já, chamar-lhe sala polivalente e inventar-lhe outra qualquer ocupação, outro estar. Definitivamente, não terei uma sala da internet, para quê?

2 de abril de 2005

tempo ido

Passou-me despercebida a data até às 20h quando me avivaram a memória. Acabei por não contar nenhuma falsa verdade a ninguém. Bolas! Pelo menos no dia destinado ao acto a coisa ganha um carácter lúdico e proporciona alguns momentos de galhofa.
Passado em revisão, pude constatar que neste parco ano, muito se passou.
Fiquem descansados que não vou fazer aqui nenhum resumo alargado dos 360 e qualquer coisa dias.
Voltei a ler o que escrevi na mesma data, do longínquo Abril de 2004 e voltei a um tempo em que almoçava com o meu companheiro de “crimes”. Poucas vezes voltei ao local do crime depois do dia em que me disseram que o meu ritual ia ser drasticamente alterado. O acto não se fazia valer por si, mas pelas conversas, algumas recorrentes que nos iam distraindo do mesmo, por um olhar fortuito pela janela admirando quem passava para lá do vidro e discutindo a vicissitudes do quotidiano pontuado com um ou outro acontecimento digno de registo.
Hoje, digo-vos que completou, ontem, um ano, este espaço, em que a escrita foi sendo recorrentemente assassinada. Recordo ainda tempos em que os dizeres surgiam com relativa frequência e em que ainda aparecia por cá um tal de karamba, digno professor, acérrimo defensor desta língua que nos é comum. Pelo menos aos que conseguem ler estas palavras.
Agora, vivem-se dias em que o contar fica muitas vezes por dizer, em que a vontade não surge ou em que a inspiração navega para bem longe deste lugar comum.
Várias vezes me perdi em discursos e assuntos que teimaram em voltar uma e outra vez.
Querem saber que mais?
Não querem mas eu vou dizer:
Os discursos vão continuar a regressar, as palavras vão repetir-se, as palavras vão repetir-se, os assuntos retornarão, também eles, sob a alçada das mesmas frases.
Enfim, até consegui encaixar ali uma frase que já tinha escrito noutro qualquer devaneio.
Aos meus dois ou três leitores quero dizer-vos que o cheque deste mês não vai ser enviado, mas continuem a voltar, talvez um dia percebam que estas palavras nada acrescentam às anteriores e que as demais também não o farão.
Lavo daqui as minhas mãos, tentei esforçadamente alertar-vos a tempo de não subscreverem por mais um ano.

24 de março de 2005




ontem, fui entregar um filme ao video-clube. Ao sair reparei que estava lá o "imortal", realizado pelo omem com H grande da BD. descobri o senhor há uns anos e fiquei fã mas, estupidamente, perdi o filme quando rodou nas salas do grande ecrã.
resolvi não esperar que, por milagre, o filme fosse reposto sem que eu percebesse e...
duas horas depois peguei no lápis e no caderninho e lá risquei umas quantas vezes o papel, em busca da jill. não a consegui libertar da folha, faltava-me o azul e um toque de mágica.
para que não pensem que aqueles são os desenhos do bilal, coitado do homem, vão lá dar uma olhadela aos livros dele, e se puderem vejam o filme e deixem-se seduzir pelos "cenários", pelos 3Ds, e pelo imaginário onde o futuro passa pelos faraós, pela arte nova, decô, pelos anos 20, 30, 40 e dêem uma voltinha nos 50, numa simbiose que nos deixa perdidos no tempo, sempre, com a pátine própria dos anos que já vingaram, num futuro feito esquisso.
e claro! pela beleza da linda hardy que dá corpo à jill, para mim, até então uma ilustre desconhecida.

19 de março de 2005

sem data

talvez não leias isto hoje.
talvez o faças amanhã, no dia seguinte ou uns dias mais tarde.
quando o fizeres, quero que saibas que vais a tempo.
nunca será tarde, para leres isto.
foste ontem, no dia anterior e em todos os outros,
és hoje, como amanhã o serás...
o melhor que alguém pode ter.
sortudo! sim, sou eu, por seres meu pai.

17 de março de 2005

limbo

Há dias que os dias são assim.
Silenciados em mil pedaços de nada.
Mil pensamentos, espalhados, repartidos, lançados no vagueio incessante de um desencontro.
Vejo-me ao espelho, de olhar perdido naquele dia que é sempre igual.
Hoje foi apenas um dia mais, um sem fim de tempo, em que a noite teima em passar.
Sigo nas horas despedindo-me desta inércia que se fez sentir.
Amanhã será um dia que não outro mais.
Viro uma página.

Fim.

Nova folha, branca, lisa, imaculada. Pronta para ser escrita, desenhada, vivida.
Novos dias se aproximam.
Dias por inventar num novo olhar.

4 de março de 2005

ao sabor do vento

Olhaste um dia para um dos mil pedaços meus e reconheceste-me.
Colaste os cacos, juntaste as mais ínfimas partes caídas no soalho da casa.
Afastaste as cortinas, escancarando-me as janelas.
Disseste-me que olhasse,
que cheirasse,
que inspirasse o ar emanado pela mesma árvore que antes me ensombrara os dias.
Mais tarde diverti-me a observar as sombras na cortina, vendo que não passavam de projectadas formas, num bailado ao sabor do vento.
Ainda ouvi as folhas enquanto te admirei uma última vez.
Adormeci colado a ti, descansado, protegido,
sabendo-te ali mesmo depois de partires.

1 de março de 2005

biagem

Na quarta feira, atrasado, como sempre, lá me meti eu a caminho da viagem.
Apanhei a Maria e seguimos os dois rumo ao nuorte.
Pelo caminho fomos correndo o alfabeto em busca de palavras começadas por uma e
outra letra. A brincadeira deu-nos trabalho quando mudámos para a letra x.
Parvoíce, pensarão vocês!
De facto o jogo das palavras substituiu um rádio roubado noutra história por um qualquer delinquente em Lisboa.
Enfim, mas Lisboa esquecida, e esgotada a paciência em busca de palavras iniciadas pela letra x, lá chegámos ao porto. Dissemos olá ao meu pai e saímos logo de seguida após umas festas no pêlo do Tobias.
De seguida fomos ao centro da invicta e pedimos aqui e ali indicações sobre um jardim, pelos vistos, com um nome muito comum na cidade. Cada pergunta dava lugar a um paradeiro completamente distinto.
-Vire à esquerda, novamente à esquerda, depois à direita, depois siga em frente e quando encontrar o semáforo pergunte outra vez a alguém.
-...você tem que virar à direita, depois à esquerda e é logo ali atrás.
-epá!! Você já passou o jardim. É lá atrás. Vire ali à frente, na primeira não pode virar, mas vire na segunda rua, é uma “biela”.
-o jardim!? Xiii!!! Olhe é já ali atrás desta rua, mas tem que ir dar a volta lá...
enfim, tivemos mesmo que dar a volta ao cú de xudas, mas lá encontrámos o tal jardim de paradeiro incerto, onde se encontrava a Ana, sem a qual o trio não se completaria.
Stress e mais xtress, no banco de trás, onde a Ana fumava compulsivamente tentando esquecer um dia menos satisfatório. Nos lugares da frente, continuava uma acesa discussão sobre a xistência de palavras com a letrinha difícil, pior era não termos mais a desculpa da ausência do rádio e continuarmos em busca de novas palavras. No fundo dois miúdos a discutir o Xexo dos anjos. Sim, também inventávamos palavras colocando o x em tudo o que fosse possível foneticamente sem destoar muito.
Ainda nessa noite, começou a xincana pela cidade, levando-nos aqui e ali em busca de parte da arquitectura digna de registo. No outro lado do rio, em gaia, fomos de encontro ao grupo de xeres estranhos, responsáveis pelo xtress de quem se tinha levantado às 06h00 da manhã num acto isolado de pontualidade. Um conceito que desconheço por completo.
Enfim, a Maria tirou umas fotos à caixa de vidro onde se janta por uma desmesurada quantia, talvez inflacionada pela fantástica vista de que se desfruta, ao sabor de um vinho, com a ribeirinha na outra margem do douro. Nada que justificasse sermos mais uns dos observados enquanto se desprendiam dos euros subtraídos em parcos goles e meras garfadas. Degustámos o vinho, na intimidade do lar, aprovando os dotes culinários do meu pai. Antes de voltarmos ao centro da urbe, ainda nos rendemos a maus hábitos fumando uns cigarros acompanhados pelo reparador café, indispensável aos demais que não eu.
Deixámos parte dos maus hábitos e fomos até ao Maus hábitos, um bar num quinto andar de uma rua próxima ao Rivoli. Mais uma vez perguntámos a alguém onde era o dito e desta feita a morada era apenas uma. Antes que pudéssemos lá chegar ainda nos pediram indicações para o mesmo bar. Enorme das coincidências, era alguém que Ana conhecia, uma colega de outros tempos, somámos duas pessoas ao trio e seguimos o passo.
Eram 10 para as 10h quando saímos de casa no dia seguinte, com o humor matinal de quem dormira uma parcas horas. Já em Serralves e não muito atrasados, fomos conduzidos numa monótona visita da qual se ressalvam as piadas obtidas pela predilecção do cicerone em repetir o “etc.” e o “ok?!”. O restante roteiro foi uma constante corrida em busca desta e daquela obra, e um somatório de desencontros entre os inúmeros carros que constituíam a gincana. Vimos vários edifícios, mas não pudemos ver muito, tal não era a confusão causada pela amalgama de pessoas de semblante invernoso. Ressalvam-se algumas da pessoas também prejudicadas pelos demais.
Epá!! O texto vai longo e ainda só vou no segundo dia, mas ainda há mais...
tarde nas horas, depois de nos perdermos do grupo e de irmos ao seu encontro no norte shoping ( sim, para ver arquitectura, um espaço projectado pelo souto moura), encontro o meu amigo de uma infância passada em S.tomé. Onde??? Insólito, a sair da casa de banho. Jantámos todos em casa revalidando os dotes do grande chefe. Agendado, ficou um jantar no Sábado.
Dois dias depois, o dia começou tarde, depois de uma sexta pautada pelo ócio e por uns quantos filmes, Lá decidimos ir ver uns quantos spots que nos tinham escapado no roteiro.
Fomos à casa da música, do Rem koolhaas (não sei se é assim que se escreve o nome do senhor, mas não tenho paciência para ir ver e sempre deixo o texto um pouco mais longo que isto está pequeno, entendam isto como um teste à vossa paciência).
Voltávamos para o carro, quando resolvemos perguntar, ao grupo de personagens dotados de capacete, se era possível entrar e ver melhor a obra. O não, acabou por não ser redondo e lá entrámos acompanhados pelos responsáveis do nosso bom comportamento e ainda pela acústica. Na verdade iam fazer uns testes de acústica aos auditórios, e não só levámos uma lição sobre os pormenores da reverberação e do isolamento sonoro, como também nos pudemos deliciar com alguns dos pormenores, completamente extasiados pela visita ao objecto inacabado. Ficou escrito um endereço electrónico com uma hipotética conferência sobre acústica resignada a que alguém a queira levar a cabo.
Ainda tivemos tempo para olhar o poliedro multifacetado, qual meteorito, onde se destacam uns quantos pontos reluzentes, cuja luz ainda estará por provar o seu permanente brilho, agora em risco, podendo este ser ofuscado por um qualquer edifício aprovado na câmara municipal.
Uma tarde se passou e, sem mais delongas, voltámos ao aeroporto. Depois de uma incursão à torre de controle do Sá Carneiro, fomos ao jantar, como combinado, numa tasca de Matosinhos.
Por fim, fomos desencaminhados pelo Falé, acabando a noite na number one, discoteca afro, onde nos mexemos ao som da kizomba. Quanto aos meus dotes, ainda tenho muito a aprender até que possa perguntar a alguém, a dama dança?!
Este relato podia ter terminado ali, e acabava o texto com uma pergunta, seria bonito, por outro lado haveria mais a contar, mas não quero que o texto seja longo. Hoje não estou muito virado para a escrita, talvez noutro dia me digne a maçar o caríssimo leitor(a) com um verdadeiro teste à xua paciência.

30 de janeiro de 2005

exacto!!

Ele viu-a pela primeira vez na rua, cruzou-se com ela no meio da multidão. Estavam os dois alheios a tudo e a todos até ao momento em que fugidos da chuva, caída repentinamente, se abrigaram num mesmo vão de um prédio já com marcas, da passagem do tempo, na pintura. Olharam-se e riram-se por estarem os dois abrigados num espaço exíguo e por serem dos poucos que ignoraram as previsões deixando em casa os chapéus de chuva. No fundo nenhum dos dois acreditava muito na veracidade das projecções climatéricas. Estiveram ainda um bom momento até trocarem as primeiras palavras. Falaram do tempo, não fosse esse o assunto quando outro não emerge. Está de chuva, disse ele, de seguida pensou quão estúpido tinha sido por o ter feito. É, disse ela. E este não é o melhor dos abrigos, a chuva ainda nos vai molhando, continuou.
Numa atitude cavalheiresca cobriu-a com o seu casaco enquanto corriam até ao café um pouco mais adiante, perto da entrada para o metro. Entraram e sentaram-se ali um pouco até que a conversa surgiu fluida e sem quaisquer referências ao tempo que se fazia ou não sentir. Falaram de assuntos corriqueiros como duas pessoas que foram apresentadas por um amigo em comum e, acabaram por descobrir que até o tinham. Ambos eram amigos de um tal de Tiago, namorado da Filipa, prima dela e colega de trabalho dele.
Afinal, já tinham estado os dois num mesmo jantar de anos, do Tiago, mas não chegaram a conhecer-se, ficaram sentados em lugares distantes.
Agora, encontravam-se os dois sentados, à conversa, esperando que o tempo passasse levando consigo o mau tempo que os colocara à distância de uma mesa.

-bem me parecia conhecer-te, mas não disse nada porque essa é uma daquelas frases batidas e aplicadas em engates que tive receio de ser mal entendido e pensasses que estava só a tentar meter conversa.

-não te preocupes, depois de me teres dito que estava chover, fiquei preparada para te ouvir dizer tudo.

-enfim, queria falar contigo porque a tua cara me era familiar e não sabia como. Disse a primeira coisa que me veio à cabeça.

-por um momento pensei que fosses uma daquelas pessoas que gosta de ler os letreiros das lojas em voz alta, e que fala do tempo porque não tem nada para dizer mas não consegue ficar calada.

-estamos aqui há horas e ainda não voltei a falar do tempo. É engraçado!!

-é engraçado? o quê?

-como nós, dois aparentes desconhecidos, acabámos por ter uma conversa destas descobrindo que até já nos podíamos ter conhecido numa outra ocasião.

-o mundo é pequeno!!

-é!

-já reparaste que dizemos é em sinal de aprovação por uma qualquer máxima do vernáculo quotidiano?!

-É sinal de não termos nada a acrescentar ao que já foi dito.

-é?!

-esse é é diferente, põe em causa o que foi dito. É totalmente diferente do é que disseste quando te fiz aquela magnifica observação.

-é mas...

-espera aí, este é é diferente, tem um mas... é sinal de que vais anexar uma condição... desculpa estou a entrar no reino da baboseira, ias a dizer?!...

- olha nem sei, não me lembro.

- talvez te lembres mais daqui a pouco.

-talvez!

-este talvez é igual ao é, apenas uma repetição do que se disse antes. Logo uma concordância.

-ou talvez não. O termo talvez é em si dúbio. Não concorda nem se opõe ao que foi antes dito, deixa no ar a resposta, transporta-a para um outro tempo.

-sim, deixa a conversa em aberto.

-mas o significado de talvez também depende.

-sim, depende. Dependes de alguma coisa para responderes talvez a alguém. Faltam-te dados para poderes responder afirmativamente ou em negação a algo.

-exacto!

-olha um é, mascarado.

-pois é!

-pois é?! Isso é uma repetição. O pois em si já é um é, escusas de o repetir!

-estou a ver que somos os dois iguais.

-não existem seres iguais. Semelhantes sim. Iguais duvido muito.

-a verdade é que estamos aqui os dois pelo mesmo motivo, com amigos em comum, numa estranha conversa em torno de qualquer coisa que ainda não entendi bem. Os dois à espera que o tempo melhore.

-mas eu gosto de chuva, apenas não gosto de ficar com a roupa toda molhada.

–eu não me importo muito, mas hoje sim. Tenho uma entrevista para um emprego daqui a 2 horas e não queria chegar lá neste estado.

– realmente não ias causar boa impressão. Por outro lado, ficas com um ar selvagem um pouco louco demais, mas apelarias à caridade de quem te vai entrevistar, veriam que tu te esforçaste por chegar ali e que nem a chuva te impedira de o fazeres. Veriam que foste atingida por inúmeras gotas numa revolta pegada e que bastava de sofrimento por um dia, dando-te o emprego como prémio de vitória sobre o tempo.

- és uma pessoa doida.

- sim mas tu também o és.

– mais uma coisa em comum, estamos unidos pelo tempo, pela loucura e pela falta de um guarda chuva.

- lá estamos nós a falar do tempo, matando o tempo até que mude.

- pois!!

- é!!

- matámos a conversa. Dissemos o é e o pois.

- pois foi!

- ou pois ou foi, ou o mascarado exacto!!

- olha, parou de chover!!

- olha, pois parou!! Vou andando porque quero chegar a tempo à entrevista.

- eu também vou andando, vou ter com uma amigo que anda a escrever umas crónicas. Disse-me que não tem ideias e depois de amanhã o texto tem de ser publicado.

Estava a tentar escrever qualquer coisa, mas as palavras estavam perdidas no meio da sopa de letras, quando ouvi a campainha. Era ele e vinha todo entusiasmado com uma pessoa que tinha acabado de conhecer. Eu não estava bem e acabei por me perder no meio de tanto diálogo, de tanta frase repetida de um enredo passível de constar num qualquer romance de algibeira. Disse-lhe que tinha de escrever a crónica, umas quantas vezes, mas continuou a falar-me do encontro maravilhoso que tinha tido. Deixei-me levar pela conversa, acenando a cabeça e dizendo pois ou é, aqui e ali.
Vê lá tu que ela conhece o Tiago, disse ele continuando a falar-me das coincidências.
Rematou com, o mundo é pequeno!! Pois é, disse-lhe eu.
É isso mesmo, disse-me, entendeste tudo, a conversa andou à volta disso.
Pensei, à volta de quê? Mas fiquei calado para não dar azo a mais 2 horas de conversa. Saiu de casa e antes perguntei-lhe se queria levar o chapéu de chuva, porque tinha ouvido no telejornal que ia chover hoje, o dia todo, piorando com o chegar da noite. Disse-me que não acreditava nas previsões das noticias e seguiu apressado, tinha ficado de se encontrar com ela nessa noite para irem comprar um chapéu de chuva. Tu és doido!!, ainda lhe gritei enquanto descia as escadas. É isso mesmo, entendeste tudo, respondeu-me antes de se perder no meio da chuva que se fazia novamente ouvir em gotas orquestradas.

27 de janeiro de 2005

olhar resgatado da folha

Eram 7h00 da manhã e ela não se tinha ainda deitado. Andava acordada pela casa, ia da sala para o quarto, do quarto para a cozinha, comia, lia um pouco mas fartava-se logo das palavras que lhe surgiam oscilantes no papel.
Sentou-se em frente à secretária numa tentativa de escrever algo de seu. Tinha em mente escrever um livro onde guardasse todos os sentimentos, expurgando-os para bem longe do pensamento. Durante um tempo infindável fitou a folha, ainda branca imaculada.
Eram 8h12 e continuava em frente à folha onde tinha agora desenhado o mesmo olho de sempre, rabiscado metodicamente da mesma forma. Primeiro desenhava a íris, depois compunha-a com dois traços que lhe configuravam o olhar, perdido para sempre em inúmeras folhas, por fim desenhava as pestanas e deixava-se observar pelo mundo através daquele olhar.
Resolveu então escrever sobre aquele olho, descrevê-lo, contar a sua história, inventar-lhe um personagem e escrutinar a sua vida, saber que coisas teria aquele olho, vezes sem conta desenhado, vislumbrado.
Após vários desenhos, riscos e rabiscos, descobriu que não conseguia inventar esse personagem, imaginar-lhe uma vida, vendo através desse novo olhar.
Foi então que ouviu o despertador do seu quarto e resolveu despertar dessa apatia em que vivia horas, dias, semanas sem descrição possível de um tempo que já passava, há muito, sem que se desse conta.
Tomou banho e resolveu tomar o pequeno almoço, saindo de seguida ao encontro da sua vida, de um olhar que desse vida a um personagem há muito adormecido, o seu.
Descobriu que lá fora os comboios continuavam a passar, que as pessoas continuavam a seguir apressadas nos seus alucinantes ritmos.
às 9h46 quando entrou no comboio, encontrou um amigo que há muito não via, uma das muitas pessoas de quem havia perdido o contacto. Ele saia na estação seguinte e acabaram por ter apenas tempo para trocar números de telefone, despedindo-se com a promessa de se encontrarem num dia qualquer da próxima semana. Pensou ainda por um instante na razão pela qual teriam perdido contacto pondo de parte todas as suas ambições de um qualquer relacionamento e, apercebeu-se que nunca lhe dera abertura a qualquer avanço para uma maior intimidade impedindo qualquer hipotético romance. Puro medo de viver, foi o que pensou.
Ao longo do restante caminho admirou as pessoas que se encontravam sentadas com o semblante ainda de quem dormia, reparou naquela mãe cujo amor transbordava no olhar pelo seu pequeno ser que jazia num profundo sono a seus braços.
Teve ainda tempo de se lembrar que não havia comprado o bilhete e saiu na estação da Amadora para o fazer. Decidiu então conhecer as redondezas, não que tivesse necessidade, mas simplesmente para saber que lugar era aquele por onde passara tantas vezes conhecendo-lhe não mais que a estação, vista do comboio.
Descobriu, no meio daquele emaranhado de edifícios, um parque, dois até, por onde tivesse passado. Num desses parques encontrou um casal já com alguma sabedoria, acrescida pelo passar dos anos. Estavam os dois sentados num banco verde dando comida aos pombos que os rodeavam em busca do milho que lhes era atirado pela sra enquanto o sr. fumava o seu cachimbo e lia o jornal, parando apenas para olhar carinhosamente a mulher que há muito o acompanhava.
Eram 11h58 quando voltou a entrar no comboio seguindo rumo ao rossio. Apercebeu-se que o olhar das pessoas era agora diferente, mais desperto para um ritmo menos apressado. Ao chegar ao rossio deitou fora o bilhete rindo-se com o facto de não o ter mostrado a revisor algum.
Pensou ainda que tinha valido a pena, pelo facto de ter parado na estação e de saber mais qualquer coisa além do nome do dito lugar.
Atraída por um chapéu de feltro, verde com uma pena azul presa por uma fita de seda e, ainda com o sorriso esboçado, olhou para uma pessoa que lhe retribuiu o olhar e o sorriso seguindo o seu caminho.
Ao chegar à brasileira, onde foi almoçar, ficou a pensar quão invulgares eram, agora, os chapéus que ostentavam as cabeças das pessoas, no tempo em que passeava com o tio pelos jardins de Sintra, numa idade em que tudo lhe parecia maior do que hoje.
Às 14h00, a caminho do S.Jorge, passou na rua do Carmo, parando na Ulisses onde comprou umas luvas que lhe minimizassem o frio que se fazia sentir nas sempre frias mãos, fruto de um problema que tinha, ao que parece causado pela má circulação do sangue. Era o que lhe dizia a voz popular e toda e qualquer pessoa a quem se queixava do problema.
Eram 17h35 quando saiu do cinema, onde foi ver um filme sobre a vida de um realizador francês que sonhara a existência toda com o filme da sua vida sem nunca o ter realizado, e se encontrava agora retratado num filme pela câmara de alguém que encontrou nele um bom assunto para desenvolver uma obra prima do cinema independente.
voltou ao comboio, desta vez com bilhete comprado, e deixou-se levar pelo sono, acordando com o sinal das portas em todas as estações que iam deixando os lugares a seu redor vazios de pessoas cansadas por mais um dia de trabalho.
no caminho para casa passou ainda pela geladaria, comprando um gelado de limão e avelã, os seus sabores favoritos, gostava de comer gelados nos dias invernosos sentindo o frio entranhar-se-lhe pelo corpo, desde que as mãos se mantivessem quentes.
Chegada a casa, deu comida aos peixes e sentou-se em frente ao televisor acompanhando as noticias do 2º canal, a seu ver menos sensacionalistas que as passadas nos outros canais. Voltou a soltar um sorriso quando soube da greve dos revisores, por uma qualquer causa que já não ouviu interrompida que foi pelo toque do telefone.
Do outro lado da linha, ouviu uma voz ligeiramente familiar de um numero que desconhecia, sou eu o Renato, disse a tal voz. Antes de se despedir ainda combinaram um lanche dai a 3 dias com encontro marcado em Sintra numa casa de chá Despediu-se com uma estranha pergunta feita ao amigo, querendo saber se gostava de cachimbos.
Olhou para a folha e tinha desenhado um homem de chapéu a fumar.
Ao levar a folha consigo, percebeu que tinha no bloco várias folhas rabiscadas com o mesmo olho de sempre.
Conseguira então soltar o olhar e ver além das folhas em branco onde repetidamente se perdia.
Jantou uma lasanha, feita com a receita que a avó lhe deixara num caderno preto onde também constavam uns poemas a si dedicados, e soltou uma lágrima de emoção.
Eram 22h15 quando se deitou, adormecendo ainda de luvas calçadas.
No dia seguinte acordou, para um novo dia, cheia de calor nas mãos, voltou ao trabalho que se acumulara com o tempo passado em redor de um tudo em que nada fez.
Saiu de casa apenas para ir comprar milho, regressando à sua tese apoiada nas teorias do caos, reflectindo sobre o tempo e o espaço no mundo virtual.

12 de janeiro de 2005

tempo solto

Da imensidão das palavras por escrever,
tanta coisa por dizer, tanta coisa vivida,
Tanto que poderia ter sido dito, escrito, contado.
pequenos acontecimentos,
devaneios, pensamentos, sentimentos,
Tanto e tão pouco.
silêncio de ti.
Regresso a mim.
venho de ti, s.tomé.
com as narinas ainda inundadas por esse cheiro que me enche a alma.