28 de maio de 2004

volto a tentar

Esgoto-me em tentativas.
Tento escrever, tento dizer,
Tento mas não consigo.
Por fim, um conjunto de palavras soltas,
Desconexas, vazias de sentido.
Palavras soltas, sem direcção.

22 de maio de 2004

cidade abandonada!

O conceito de cidade engloba todo um conjunto de infra-estruturas e de equipamentos que devidamente ocupados e vividos, permitem identificar determinado conjunto urbano como tal. Entre as escolas, os hospitais, as empresas,..., e o lar existe um percurso efectuado diariamente por milhares de cidadãos. Estas distâncias vão sendo cada vez maiores, coadunando-se a um conceito alargado de Urbe, em que esta, diria de forma epicêntrica, se vai estendendo, englobando outros aglomerados populacionais outrora isolados.
A melhoria das infra-estruturas de acesso proporciona hoje uma melhor mobilidade, viabilizando a opção de viver na cidade, fora dela. Esta escolha é acrescida pela redução dos preços do imóvel, equitativa ao afastamento do núcleo.
A grande metrópole é entendida pelo seu centro, onde se encontram as principais entidades laborais, por uma periferia albergadora e pelo interface que os une. Mas onde está o centro? Os limites da cidade são agora invisíveis, já não se trata de atravessar uma muralhara, mas sim de vencer os quilómetros até atingir o grande núcleo urbano onde são desenvolvidas as actividades de cada um. O percurso pode hoje ser efectuado de diversas formas e, a cada uma será atribuída uma diferente percepção. As portas da cidade passaram a ser, os terminais de comboio e autocarro, as portagens das auto-estradas e das pontes, enfim todo um conjunto de infra-estruturas que nos antecipam a entrada na cidade.
A inconstância populacional entre o lar e os demais habitates é cadenciada pelos horários próprios de uma sociedade, provocando um fenómeno de ocupação territorial, também ele alternado. Ora está a cidade cheia de vitalidade, ora desertificada.
Ainda que no espaço público existam percursos pedonais, estes têm agora horários próprios. O lugar é apropriado, maioritariamente, como transitório e como ponto de partida ou chegada.
A praça vai perdendo o seu carácter de ponto encontro e de permanência de pessoas, passando a ser meramente distribuidora, possibilitado pela existência de ruas que a une aos diferentes destinos pretendidos.
De regresso à periferia, verificamos que o próprio interface vai gerando urbanidade, não só é o centro desse aglomerado, como uma das principais portas de acesso a essa realidade populacional, maioritariamente desocupada no período laboral.
Em qualquer dos casos, o contacto com o exterior é cada vez mais filtrado pelos vãos, pelos interstícios deixados nas superfícies e nos volumes que nos protegem e albergam. As ruas e os espaços públicos surgem agora como lugares de transição.
Até onde se poderá estender a cidade, sem habitar o interior desta muralha que se foi alargando?

20 de maio de 2004

há comentários assim!

«Há dias em que não se deve
outros que não se tem
outros aos quais não fica bem
Há dias em que o ponto os tornaria em noites
inexistentes
descrentes
Mais vale que apenas sejam assim
dias
sem
ponto»

daniela, leite creme

nada é, tudo foi

Houve um dia em que te conheci.
Houve um tempo em que tudo foi perfeito.
Houve um dia em que os nossos caminhos se desencontraram.
O tempo agora é de lembranças do que houve.

16 de maio de 2004

atrás de mim, eu.

O espelho às vezes não me reflecte.
Apenas me devolve uma máscara.
Por trás dela, eu.
No meu pensamento, tu.
Na tua ausência, a minha saudade.
Na falta de nós, eu.

10 de maio de 2004

há dias de cão!

hoje foi um desses dias, o tobias foi operado mas portou-se bem e estamos à espera que ele recupere...
logo, logo ele voltará às suas tropelias, aos seus dias de gato.


6 de maio de 2004

há dias assim

Há dias em que a vontade de escrever é maior que o dizer.
Olho o texto, cresce só e alheado de uma mente perdida.
Há dias assim, sem história para contar,
Em que apenas escrevo,
Sem ter que dizer.
Escrevo, escrevo, escrevo.
Apenas escrevo.
Assisto ao despontar de inócuas palavras que dão forma a um texto que nada conta.
Não consigo parar,
Escrevo sem falar, sem contar.
Há dias assim em que não consigo pôr ponto

4 de maio de 2004

triiiiiiiiiiiiiiiiinnnn!!

Estou!? – disse eu.
Respondeu uma voz perdida no tempo, mas nunca esquecida.
Fiquei surpreso.
Silêncio.
A conversa não se alongou, foi preenchida com silêncios e com incertezas do que dizer.
As coisas mudam com o tempo, mas aquele momento de parcas palavras, qual máquina temporal, fez-me recuar, reviver, voltar a um dia em que tudo estava bem.
E naquele breve instante, esteve.
Foi bom ouvir de novo aquela voz.

-_-_-_-_-_- .

Vejo-te ir ao longe,
És apenas uma silhueta,
Oscilas-me, nos olhos, o horizonte.
Com uma lágrima, antecipo a tua ausência.
És um ponto
.
Foste-te

aquele céu



Vi sempre o céu em tons de laranja.
Não lhe encontrava outra cor.
Um dia pareceu-me ver outra à mistura.
Era inexplicável,
Mas era o mais bonito que eu havia visto.

Esse dia vai longe,
E o céu continua laranja.
Laranja, laranja, laranja,
Talvez um dia me canse de olhá-lo,
Mas lembrar-me-ei sempre daquele dia,
Em que o céu também era rosa.

1 de maio de 2004

o puto



Saí, fui dar uma volta.
Estava farto de aqui estar e fui.
Andei por aí um pouco à deriva.
Talvez tenha passado por ti.
Envolvido no meu mundo, não vi nada nem ninguém.
Cansado de caminhar sem rumo, sentei-me e por lá fiquei,
A olhar a imensidão do vazio.