O conceito de cidade engloba todo um conjunto de infra-estruturas e de equipamentos que devidamente ocupados e vividos, permitem identificar determinado conjunto urbano como tal. Entre as escolas, os hospitais, as empresas,..., e o lar existe um percurso efectuado diariamente por milhares de cidadãos. Estas distâncias vão sendo cada vez maiores, coadunando-se a um conceito alargado de Urbe, em que esta, diria de forma epicêntrica, se vai estendendo, englobando outros aglomerados populacionais outrora isolados.
A melhoria das infra-estruturas de acesso proporciona hoje uma melhor mobilidade, viabilizando a opção de viver na cidade, fora dela. Esta escolha é acrescida pela redução dos preços do imóvel, equitativa ao afastamento do núcleo.
A grande metrópole é entendida pelo seu centro, onde se encontram as principais entidades laborais, por uma periferia albergadora e pelo interface que os une. Mas onde está o centro? Os limites da cidade são agora invisíveis, já não se trata de atravessar uma muralhara, mas sim de vencer os quilómetros até atingir o grande núcleo urbano onde são desenvolvidas as actividades de cada um. O percurso pode hoje ser efectuado de diversas formas e, a cada uma será atribuída uma diferente percepção. As portas da cidade passaram a ser, os terminais de comboio e autocarro, as portagens das auto-estradas e das pontes, enfim todo um conjunto de infra-estruturas que nos antecipam a entrada na cidade.
A inconstância populacional entre o lar e os demais habitates é cadenciada pelos horários próprios de uma sociedade, provocando um fenómeno de ocupação territorial, também ele alternado. Ora está a cidade cheia de vitalidade, ora desertificada.
Ainda que no espaço público existam percursos pedonais, estes têm agora horários próprios. O lugar é apropriado, maioritariamente, como transitório e como ponto de partida ou chegada.
A praça vai perdendo o seu carácter de ponto encontro e de permanência de pessoas, passando a ser meramente distribuidora, possibilitado pela existência de ruas que a une aos diferentes destinos pretendidos.
De regresso à periferia, verificamos que o próprio interface vai gerando urbanidade, não só é o centro desse aglomerado, como uma das principais portas de acesso a essa realidade populacional, maioritariamente desocupada no período laboral.
Em qualquer dos casos, o contacto com o exterior é cada vez mais filtrado pelos vãos, pelos interstícios deixados nas superfícies e nos volumes que nos protegem e albergam. As ruas e os espaços públicos surgem agora como lugares de transição.
Até onde se poderá estender a cidade, sem habitar o interior desta muralha que se foi alargando?
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