24 de março de 2005




ontem, fui entregar um filme ao video-clube. Ao sair reparei que estava lá o "imortal", realizado pelo omem com H grande da BD. descobri o senhor há uns anos e fiquei fã mas, estupidamente, perdi o filme quando rodou nas salas do grande ecrã.
resolvi não esperar que, por milagre, o filme fosse reposto sem que eu percebesse e...
duas horas depois peguei no lápis e no caderninho e lá risquei umas quantas vezes o papel, em busca da jill. não a consegui libertar da folha, faltava-me o azul e um toque de mágica.
para que não pensem que aqueles são os desenhos do bilal, coitado do homem, vão lá dar uma olhadela aos livros dele, e se puderem vejam o filme e deixem-se seduzir pelos "cenários", pelos 3Ds, e pelo imaginário onde o futuro passa pelos faraós, pela arte nova, decô, pelos anos 20, 30, 40 e dêem uma voltinha nos 50, numa simbiose que nos deixa perdidos no tempo, sempre, com a pátine própria dos anos que já vingaram, num futuro feito esquisso.
e claro! pela beleza da linda hardy que dá corpo à jill, para mim, até então uma ilustre desconhecida.

19 de março de 2005

sem data

talvez não leias isto hoje.
talvez o faças amanhã, no dia seguinte ou uns dias mais tarde.
quando o fizeres, quero que saibas que vais a tempo.
nunca será tarde, para leres isto.
foste ontem, no dia anterior e em todos os outros,
és hoje, como amanhã o serás...
o melhor que alguém pode ter.
sortudo! sim, sou eu, por seres meu pai.

17 de março de 2005

limbo

Há dias que os dias são assim.
Silenciados em mil pedaços de nada.
Mil pensamentos, espalhados, repartidos, lançados no vagueio incessante de um desencontro.
Vejo-me ao espelho, de olhar perdido naquele dia que é sempre igual.
Hoje foi apenas um dia mais, um sem fim de tempo, em que a noite teima em passar.
Sigo nas horas despedindo-me desta inércia que se fez sentir.
Amanhã será um dia que não outro mais.
Viro uma página.

Fim.

Nova folha, branca, lisa, imaculada. Pronta para ser escrita, desenhada, vivida.
Novos dias se aproximam.
Dias por inventar num novo olhar.

4 de março de 2005

ao sabor do vento

Olhaste um dia para um dos mil pedaços meus e reconheceste-me.
Colaste os cacos, juntaste as mais ínfimas partes caídas no soalho da casa.
Afastaste as cortinas, escancarando-me as janelas.
Disseste-me que olhasse,
que cheirasse,
que inspirasse o ar emanado pela mesma árvore que antes me ensombrara os dias.
Mais tarde diverti-me a observar as sombras na cortina, vendo que não passavam de projectadas formas, num bailado ao sabor do vento.
Ainda ouvi as folhas enquanto te admirei uma última vez.
Adormeci colado a ti, descansado, protegido,
sabendo-te ali mesmo depois de partires.

1 de março de 2005

biagem

Na quarta feira, atrasado, como sempre, lá me meti eu a caminho da viagem.
Apanhei a Maria e seguimos os dois rumo ao nuorte.
Pelo caminho fomos correndo o alfabeto em busca de palavras começadas por uma e
outra letra. A brincadeira deu-nos trabalho quando mudámos para a letra x.
Parvoíce, pensarão vocês!
De facto o jogo das palavras substituiu um rádio roubado noutra história por um qualquer delinquente em Lisboa.
Enfim, mas Lisboa esquecida, e esgotada a paciência em busca de palavras iniciadas pela letra x, lá chegámos ao porto. Dissemos olá ao meu pai e saímos logo de seguida após umas festas no pêlo do Tobias.
De seguida fomos ao centro da invicta e pedimos aqui e ali indicações sobre um jardim, pelos vistos, com um nome muito comum na cidade. Cada pergunta dava lugar a um paradeiro completamente distinto.
-Vire à esquerda, novamente à esquerda, depois à direita, depois siga em frente e quando encontrar o semáforo pergunte outra vez a alguém.
-...você tem que virar à direita, depois à esquerda e é logo ali atrás.
-epá!! Você já passou o jardim. É lá atrás. Vire ali à frente, na primeira não pode virar, mas vire na segunda rua, é uma “biela”.
-o jardim!? Xiii!!! Olhe é já ali atrás desta rua, mas tem que ir dar a volta lá...
enfim, tivemos mesmo que dar a volta ao cú de xudas, mas lá encontrámos o tal jardim de paradeiro incerto, onde se encontrava a Ana, sem a qual o trio não se completaria.
Stress e mais xtress, no banco de trás, onde a Ana fumava compulsivamente tentando esquecer um dia menos satisfatório. Nos lugares da frente, continuava uma acesa discussão sobre a xistência de palavras com a letrinha difícil, pior era não termos mais a desculpa da ausência do rádio e continuarmos em busca de novas palavras. No fundo dois miúdos a discutir o Xexo dos anjos. Sim, também inventávamos palavras colocando o x em tudo o que fosse possível foneticamente sem destoar muito.
Ainda nessa noite, começou a xincana pela cidade, levando-nos aqui e ali em busca de parte da arquitectura digna de registo. No outro lado do rio, em gaia, fomos de encontro ao grupo de xeres estranhos, responsáveis pelo xtress de quem se tinha levantado às 06h00 da manhã num acto isolado de pontualidade. Um conceito que desconheço por completo.
Enfim, a Maria tirou umas fotos à caixa de vidro onde se janta por uma desmesurada quantia, talvez inflacionada pela fantástica vista de que se desfruta, ao sabor de um vinho, com a ribeirinha na outra margem do douro. Nada que justificasse sermos mais uns dos observados enquanto se desprendiam dos euros subtraídos em parcos goles e meras garfadas. Degustámos o vinho, na intimidade do lar, aprovando os dotes culinários do meu pai. Antes de voltarmos ao centro da urbe, ainda nos rendemos a maus hábitos fumando uns cigarros acompanhados pelo reparador café, indispensável aos demais que não eu.
Deixámos parte dos maus hábitos e fomos até ao Maus hábitos, um bar num quinto andar de uma rua próxima ao Rivoli. Mais uma vez perguntámos a alguém onde era o dito e desta feita a morada era apenas uma. Antes que pudéssemos lá chegar ainda nos pediram indicações para o mesmo bar. Enorme das coincidências, era alguém que Ana conhecia, uma colega de outros tempos, somámos duas pessoas ao trio e seguimos o passo.
Eram 10 para as 10h quando saímos de casa no dia seguinte, com o humor matinal de quem dormira uma parcas horas. Já em Serralves e não muito atrasados, fomos conduzidos numa monótona visita da qual se ressalvam as piadas obtidas pela predilecção do cicerone em repetir o “etc.” e o “ok?!”. O restante roteiro foi uma constante corrida em busca desta e daquela obra, e um somatório de desencontros entre os inúmeros carros que constituíam a gincana. Vimos vários edifícios, mas não pudemos ver muito, tal não era a confusão causada pela amalgama de pessoas de semblante invernoso. Ressalvam-se algumas da pessoas também prejudicadas pelos demais.
Epá!! O texto vai longo e ainda só vou no segundo dia, mas ainda há mais...
tarde nas horas, depois de nos perdermos do grupo e de irmos ao seu encontro no norte shoping ( sim, para ver arquitectura, um espaço projectado pelo souto moura), encontro o meu amigo de uma infância passada em S.tomé. Onde??? Insólito, a sair da casa de banho. Jantámos todos em casa revalidando os dotes do grande chefe. Agendado, ficou um jantar no Sábado.
Dois dias depois, o dia começou tarde, depois de uma sexta pautada pelo ócio e por uns quantos filmes, Lá decidimos ir ver uns quantos spots que nos tinham escapado no roteiro.
Fomos à casa da música, do Rem koolhaas (não sei se é assim que se escreve o nome do senhor, mas não tenho paciência para ir ver e sempre deixo o texto um pouco mais longo que isto está pequeno, entendam isto como um teste à vossa paciência).
Voltávamos para o carro, quando resolvemos perguntar, ao grupo de personagens dotados de capacete, se era possível entrar e ver melhor a obra. O não, acabou por não ser redondo e lá entrámos acompanhados pelos responsáveis do nosso bom comportamento e ainda pela acústica. Na verdade iam fazer uns testes de acústica aos auditórios, e não só levámos uma lição sobre os pormenores da reverberação e do isolamento sonoro, como também nos pudemos deliciar com alguns dos pormenores, completamente extasiados pela visita ao objecto inacabado. Ficou escrito um endereço electrónico com uma hipotética conferência sobre acústica resignada a que alguém a queira levar a cabo.
Ainda tivemos tempo para olhar o poliedro multifacetado, qual meteorito, onde se destacam uns quantos pontos reluzentes, cuja luz ainda estará por provar o seu permanente brilho, agora em risco, podendo este ser ofuscado por um qualquer edifício aprovado na câmara municipal.
Uma tarde se passou e, sem mais delongas, voltámos ao aeroporto. Depois de uma incursão à torre de controle do Sá Carneiro, fomos ao jantar, como combinado, numa tasca de Matosinhos.
Por fim, fomos desencaminhados pelo Falé, acabando a noite na number one, discoteca afro, onde nos mexemos ao som da kizomba. Quanto aos meus dotes, ainda tenho muito a aprender até que possa perguntar a alguém, a dama dança?!
Este relato podia ter terminado ali, e acabava o texto com uma pergunta, seria bonito, por outro lado haveria mais a contar, mas não quero que o texto seja longo. Hoje não estou muito virado para a escrita, talvez noutro dia me digne a maçar o caríssimo leitor(a) com um verdadeiro teste à xua paciência.