20 de julho de 2004

vidas que passam

Alguém que passa entre muitos outros deixando não mais que a memória de uma rápida fuga do meu horizonte.
Lá fora é assim, entre uns e outros, todos passam alheios ao que aqui se passa, alguns olhares fortuitos, uma ou outra pessoa que se aproxima para ver o que aqui se faz.
Aqui dentro observo-os, alheios que estão do meu olhar, faço-o sem pudor, olho-os de alto a baixo. Pessoas e mais pessoas, a passos lentos, rápidos, a correr, olho-os metidos que estão nas suas vidas.
Parou alguém mesmo aqui em frente, uma elegante mulher, camisola branca, mala preta em pele com umas riscas lisas de um qualquer tecido, a tiracolo. Um telemóvel fez com que ela parasse aqui, sujeita ao meu voyerismo, observo uma saia preta e logo desvio o olhar para as pernas que trazem à memória lembranças de uma praia, escondida algures no passado.
Desligou o telemóvel, e voltou no sentido inverso ao que levava. Alguma coisa terá acontecido, mudando o seu rumo. Alguma coisa fará com que as pessoas passem aqui e sigam o caminho, rumo às suas vidas. E eu seguí-las-ei até que se desvaneçam no resto das suas vidas.



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