7 de outubro de 2008

on the way

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Pois é! já estão a caminho...
Os meu fones estragaram-se e resolvi comprar uns maiores.

Isto aqui ( o q?) abre as portas à eterna discussão da funcionalidade.
Há muito tempo atrás, disseram-nos, numa sala de aulas, ao estilo transmissão de conceitos pragmáticos para cabeças ocas, que design é função.
Nós, cabeças ocas, levámos aquilo a sério e, durante uns meses (ou terão sido anos), design foi função ponto!

Então vejamos! A função de determinado objecto não necessariamente se prenderá a um aspecto meramente prático, tecnológico e ou científico.

O Homem, hoje, não se satisfaz apenas com conforto e com a eficácia com que lhe é atendida determinada necessidade.

Hoje, a função é um conceito mais lato e não nos atende sem antes consultar quais são as vontades corporativas.


Agora, ao estilo, a culpa é toda do mac donalds, do new deal, da segunda guerra mundial e dos estados unidos, as cadeiras hiper funcionais do mac donalds, super desconfortáveis, cumprem a função de nos manter apenas o tempo necessário para devorarmos o pedaço de plástico que nos entregam em troca da nossa fome ritmica, mascarada de hiper mac com bebida grande e batatas embebidas em óleo dos travões.
Aparentemente não respeitam a nossa antropometria (as cadeiras, meus amigos, as cadeiras)!
Enganem-se, respeitam e muito! Respeitam tanto que as fazem exactamente fora dos padrões de conforto.
Algum carolas viu que com mais uns centimetros aqui e outros ali, com aquele material escorregadio, a coisa ficava perfeita, assaz desconfortável. Mas usam sempre materiais simples de limpar, para que o próximo tenha a ideia de um espaço estéril à sua disposição.

Já ouvi por aí uns rumores que o grupo mac donalds está a pensar mudar a política e transformar a experiência em algo que se assemelhe mais ao lar doce lar.
A pergunta que se coloca é - o lar de quem? O meu ou o do meu vizinho hare krishna?
Será que eles não vão chegar um pouco atrasados, agora que já fomos educados a comer a lá fast food?

Bom, voltando às colunas, ou fones como queiram!
A questão é a seguinte. Como fones eles não funcionam muito bem, a não ser que chamem o dumbo ou o miguel esteves cardoso (o que será feito dele?) ninguém lhes dará muito uso.

E agora surge a voz dos meus professores numa espécia de rewind temporal - "DESIGN É FUNÇÃO, DESIGN É FUNÇÃO" - apenas para que eu possa concordar com eles e dizer, sim! design é função, mas a função é que já não é o que era.

Hoje o design está ao serviço, não do indivíduo, mas do consumidor surpreendendo-o com coisas que ele não precisa, não sabia sequer que desejava, mas que passa a desejar como algo insuportavelmente indispensável.

Isto leva a outro ponto.
Qual o papel do designer nos nossos dias?
Qual a sua função?
Se o design perdeu a função, será que o designer também a perdeu?

A coisa é simples, eu comprei estas colunas, porque elas me levam numa viagem ao tempo, e me transportam a um tempo em que era permitido brincar, em que as coisas não eram tão sérias, e riamos porque a pila do zé maria era maior que a nossa, a rita tinha uma perna mais curta que a outra e o professor de educação fisíca apalpava o rabo da andreia quando saltávamos no tranpolim.


É o design lúdico!


Ok, ok! Adimito foi apenas o conflito de um designer numa tentativa vã de justificar a compra de uns fones que não cabem nos ouvidos.
Comprei e pronto, porque sempre desejei ter uma coisa dessas.

PS. Ok! Na verdade sou surdo. Não ouço nada do ouvido direito! Vi esses fones e pensei com as minha orelhas.
- ó minhas amigas, tratem de arranjar espaçinho aí que eu cá quero ver se é desta que volto a ouvir alguma coisinha em stéreo.


PS1. Sim, podia ter acabado ali o texto, mas ele já não respeita o Mies com o seu Less is more, portanto que se lixe. Então fica aqui a pergunta, quem é que determina a função
? O designer, a empresa, ou o consumidor? Ah sim, ou o índividuo compreendido em determinado contexto social, ou a sociedade?
Eu cá, às vezes acho que isto tá tudo fora de controle e salve-se quem puder
?

PS3. Só para dizer que este assunto não acaba aqui... ainda há mais, muito mais para ser discutido!

PS4. É incrível como este texto tinha a função de partilhar o meu impulso consumista com suas excelências e acabou por me levantar aqui um conjunto de perguntas, apresentando-se a verborréia como um somatório de funções desprovidas de objectivo...

PS5. Já disse que o assunto não acaba aqui
?

PS6. ou talvez não...


PS7. não me estou a tornar cansativo, não?



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