12 de abril de 2004

cidade abandonada

andei, por ruas
passei, por praças
corri aqui,
fugi dali,
acolá parei.
Senti, cheirei, ouvi, deixei de ouvir, cheirei novamente.

Cruzei-me com gentes, apoiei-me nelas,
Observei-as, fui observado...

fechei os olhos por breves instantes,
ouvi,
Deixei de ouvir,
ouvi-me,
abri os olhos...
onde estou??
Algures na cidade,
Não me ouço,
Tudo acontece em meu redor,
Tudo corre.

Que fará aquela pessoa parada?
Porque não corre?
Porque não anda?
Que estará ela a ver?

O mesmo que eu, quem sabe!?
Cidade, minha,
Tua
Deles,
Nossa,
Daquela pessoa.

Para onde irão todos?
Que caminhos seguem?
Estarão cá amanhã?
Voltarei eu a ver-te...
agora que te abandono?

Fecho a porta do meu carro.
Sigo pelas tuas ruas,
Mas não te oiço,
Não te vejo,
Vejo apenas os outros,
Metidos nos seus mundos,
Que estarão eles a ouvir?
Eu oiço-os, fazem barulho,
Não me deixam ouvir-te,
Estás algures,
Silenciada pela tua própria vida,
Pára!!!
Deixa-me ver-te, ouvir-te, sentir.
Deixa-os partir antes de mim.

Não!!
Estarias morta...
Estarias abandonada,
Não serias tu,
Serias outra cidade qualquer
Que não a minha.

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